Quando falamos de dependência química ou adicção nos referimos ao uso problemático de álcool e/ou outras drogas. Percebemos também que durante toda a história da humanidade somos acompanhados pelo uso de substâncias psicoativas, capazes de alterar nosso ânimo e humor, seja em rituais ou confraternizações.
Entendemos que o uso continuado pode chegar ao estágio de desenvolver uma dependência a substância. Isso ocorre por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Quando nos referimos aos fatores biológicos, falamos sobre o condicionamento orgânico que se estabelece através do estímulo excessivo do sistema de recompensa. Esta área é responsavel por nos proporcionar sensações de prazer quando estimuladas, através da liberação de neurotransmissores (dopamina, serotonina, etc), esta mesma área é ativada quando comemos uma comida saborosa ou fazemos sexo. O que acontece a grosso modo é que quando usamos droga temos uma liberação excessiva de neutotransmissores e nos condicionamos a um nível de prazer muito alto, fazendo com que o dependente não sinta prazer em outras atividades que não sejam relacionadas ao seu uso de drogas.
Fatores psicológicos também influenciam diretamente no desenvolvimento da dependência uma vez que um problema primário como a ansiedade pode fazer com que o uso de maconha proporcione uma sensação de calma e tranquilidade, um quadro de fobia social pode fazer com que o uso de álcool ou os benzodiazepínicos proporcionem momentos de maior descontração e alívio, ou o uso de cocaína em situações onde exista a presença de humor deprimido. No entanto, o risco de estabelecer um hábito que se tornará um vício de alterar o ânimo e o humor em cada vez mais situações, aumentando o seu condicionamento e dependência com o passar do tempo.
Hoje vemos as drogas, principalmente o álcool, como estímulo para interação social e inserção em deteremidos grupos sociais, assim que ocorre a maioria dos primeiros contatos com a substância. No entanto, outros fatores sociais, além da inserção influenciam o uso, como as relações familiares, o tipo de trabalho ou a própria cultura e ambiente.
Para o diagnóstico da dependência química ou adicção, atualmente catalogada no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) como transtorno por uso de substância, diz que:
“A característica essencial de um transtorno por uso de substância consiste na presença de um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicando o uso contínuo pelo indivíduo apesar de problemas significativos relacionados à substância.”
(DSM-5, 2013, p.483)
No entanto, percebemos que para algumas classes de substâncias, alguns sintomas são menos manifestados, ou nem todos os sintomas se manifestam. Porém, de maneira geral, o diagnóstico por uso de substâncias, baseia-se no padrão patológico apresentado pelo comportamento do indivíduo relacionado ao seu uso. Abaixo seguem os critérios diagnósticos:
O primeiro grupo de critérios diagnósticos está relacionado ao “baixo controle” do indivíduo:
Critério 1 - Uso em quantidades maiores ou por mais tempo que o planejado - “O indivíduo pode consumir a substância em quantidades maiores ao longo de um período maior de tempo do que o pretendido originalmente.” (DSM-5, 2013, p.483).
Critério 2 - Desejo persistente ou incapacidade de controlar o desejo - “O indivíduo pode expressar um desejo persistente de reduzir ou regular o uso da substância e pode relatar vários esforços mal sucedidos para diminuir ou descontinuar o uso.” (DSM-5, 2013, p.483).
Critério 3 - Gasto importante de tempo em atividades para obter a substância - “O indivíduo pode gastar muito tempo para obter a substância, usá-la ou recuperar-se de seus efeitos.” (DSM-5, 2013, p.483).
Critério 4- Fissura - “...desejo ou necessidade intensos de usar a droga que podem ocorrer a qualquer momento, mas com maior probabilidade quando em um ambiente onde a droga foi obtida ou usada anteriormente.” (DSM-5, 2013, p.483)
O segundo grupo de critérios diagnósticos está relacionado à deterioração ou prejuízo social do indivíduo:
Critério 5 - Deixar de desempenhar atividades sociais, ocupacionais ou familiares - “O uso decorrente de substâncias pode resultar no fracasso em cumprir as obrigações no trabalho, na escola ou no lar.” (DSM-5, 2013, p.483).
Critério 6 - Continuar o uso apesar de apresentar problemas sociais ou interpessoais - “O indivíduo pode continuar o uso da substância apesar de apresentar problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus efeitos.” (DSM-5, 2013, p.483).
Critério 7- Restrição do repertório de vida em função do uso -“Atividades importantes de natureza social, profissional ou recreativa podem ser abandonadas ou reduzidas devido ao uso da substância.” (DSM-5, 2013, p.483).
O terceiro grupo de critérios diagnósticos está relacionado ao “uso arriscado da substância” pelo indivíduo:
Critério 8- Manutenção do uso apesar de prejuízos físicos - “Pode tomar a forma de uso recorrente da substância em situações que envolvem risco à integridade física.” (DSM-5, 2013, p.483).
Critério 9- Uso em situações de exposição a risco - “O indivíduo pode continuar o uso apesar de estar ciente de apresentar um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que provavelmente foi causado ou exacerbado pela substância.” (DSM-5, 2013, p.483).
O último grupo de critérios diagnósticos está relacionado aos “critérios farmacológicos”:
Critério 10- Tolerância - “é sinalizada quando uma dose acentualmente maior de substância é necessária para obter o efeito desejado ou quando um efeito acentualmente reduzido é obtido após o consumo da dose habitual.” (DSM-5, 2013, p.484).
Critério 11- Abstinência - “... é uma síndrome que ocorre quando as concentrações de uma substância no sangue ou nos tecidos diminui em indivíduo que mantem uso intenso prolongado.” (DSM-5, 2013, p.484).
É importante ressaltar que o diagnóstico de dependência química se estabelece a partir da presença de dois ou mais dos critérios apresentados acima, podendo variar quanto a sua gravidade.
É comum vermos na sociedade opiniões preconceituosas e julgamentos sobre o dependente químico. Muitos são taxados de mal caráter, sem vergonha, ou que não tem força de vontade. Entendemos que a dependência química é uma doença incurável, assim como diabetes e a hipertensão, mas que com tratamento adequado e acompanhamento regular, a abstinência torna-se possível, assim como o bem estar e a qualidade de vida.
No entanto, caso conheça alguém ou se identifique com alguns dos critérios apresentados, busque ajuda de um profissional especializado. Dependência química e/ou alcoolismo é uma doença e existe tratamento.
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